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1. Que são micotoxinas?

Indice

Micotoxinas são compostos químicos venenosos produzidos por certos fungos. Há muitos desses compostos, mas apenas alguns deles são regularmente encontrados em alimentos e rações animáis como graos e sementes. Entretanto, aqueles que realmente são encontrados em alimentos têm grande importancia para a saúde do ser humano e do godo. Já que são produzidas por fungos, as micotoxinas são associadas com sufras mortas ou mofadas, embora possa ser superficial a contaminação do mofo visível. são graves os efeitos de algumas micotoxinas relacionadas c om alimentos, surgindo multo rápidamente síntomas de graves doenças. Outras micotoxinas que ocorrem em alimentos têm periodo mais longo de afeito crónico ou acumulativo sobre a saúde, incluindo principio de cánceres ou deficiencia de imunidade.

Informações sobre micotoxinas relacionadas com alimentos são ainda multo incompletas, mas há conhecimento bastante para identifica-las como um problema grave em multas partes do mundo, causador inclusive de pardas económicas significativas.

Cabeça de Aspergillus flavus, arma das micotoxinas produtoras de fungos mais comuns nos trópicos. [Ampliação x300]

Em condições apropriadas, A. flavus que cresce no milho, amendoim, e muitos outros produtos de base pode produzir aflatoxinas, compostos identificados pela Agencia Internacional de Pesquisa do Câncer como poderoso carcinógeno humano.


2. Micotoxinas relacionadas com alimentos

Há cinco micotoxinas, ou grupos de micotoxinas, que ocorrem com bastante freqüência em alimentos: deoxinivalenol/nivalenol; zearalenona; ocratoxina; fumosinas; e aflatoxinas. A tabela 1 resume os produtos alimenticios básicos que elas afetam, as especies de fungos que as produzem e os principais efeitos observados no ser humano e nos animáis. A toxina T-2 encentra-se também numa variedade de grãos, mas a sua ocurrencia, até hoja, é menos frequente do que as cinco micotoxinas anteriores.

As micotoxinas relacionadas com alimentos que tem a probabilidade de ser de grande significado para a saúde humana nos paises tropicais em desenvolvimento, são as fumosinas e atiatoxinas.

As fumosinas foram descobertas recentemente, em 1988. Por isso ha pouca informação sobre a sua toxicología. Atualmente há evidencia suficiente em experiencia com animáis de carcinogenicidade de culturas de Fusarium moniliforme, que contém quantidades significativas de fumosinas. Experiencias com animáis mostram pouca evidencia de carcinogenicidade da fumosina B1.

F. moniliforme que cresce no milho pode produzir fumosina B1, suspeito carcinógeno humano. Igualmente a fumosina B1, é tóxica para parcos e aves domésticas, e é causa de leucoencepalomalacia (ELEM), doença fatal em cávalos.

TABELA 1. Micotoxinas em graõs de primeira necessidade e sementes.

Fumosinas tem sido encontradas como um contaminante multo comum em alimentos e alimentação a base de milho e alimentos na África, China, França, Indonesia, Itália, Filipinas, América do Sal, Tailandia e Estados Unidos. Variedades de F. moniliforme de milho proveniente de todas as partes do mundo, incluindo a África, Argentina, Brasil, França, Indonesia, Itália, Filipinas, Polonia, Tailandia e Estados Unidos, produzem fumosinas. Atualmente corantes de F. moniliforme extraídos do sorgo são considerados fracos produtores de fumosinas.

Fumosina B1

As aflatoxinas. foram descobertas há mais de 30 anos e tem sido assunto de multa pesquisa. são poderosos cancerígenos humanos e interferem no funcionamento do sistema de imunidade. Entre os animáis, são particularmente tóxicos para as galinhas.

Em 1993 a Agencia Internacional de Pesquisa do Câncer (AIPC) avaliou e classificou mistaras de atlatoxinas que ocorrem naturalmente como a principal classe de carcinógenos humanos. Descobriu-se que as aflatoxinas. B1, B2, G1 e G2 ocorrem em produtos de base nas Américas e na África, e tem sido detectadas em soros humanos. A AI PC concluiu que a afiatoxina B1, é a principal classe de cancerígeno humano. Residuos de aflatoxina B1, e/ou seus metabólitos e aflatoxina M1, podem acorrer em produtos animáis, incluindo leite. A atlatoxina M1 podará encontrar-se também no leite humano se a mãe consumir alimentos que contên aflatoxina B1, A AIPC atribuiu a aflatoxina M1 arma taxa de afetação ao cáncer mais baixa do que a da aflatoxina B1,

É claro que a exposição as aflatoxinas. é prejudicial a saúde humana. Por esta razão, muitos paises têm leis que controlam as concentrações permissiveis de aflatoxina no alimento e na racão animal (veja página 10)

A aflatoxina B1, a mais tóxica das aflatoxinas, causa arma variedade de efeitos adversos em diferentes animáis domésticos. Efeitos em galinhas incluem doenças do figado, produtividade baixa e deficiencia reprodutiva, menor produção de ovos, qualidade inferior da casca do ovo, qualidade inferior da carcaça e-o mais importante do ponto de vista human-aumento da susceptibilidade a doenças.


3. Ecologia do fungo e produção de micotoxina no alimento

Os fungos que produzem micotoxinas dividem-se, de modo geral, em dois grupos: aqueles que atacam antes da sufra, comumente chamadas fungos de campo, e aqueles que ocorrem somente após a colheita, chamadas fungos de armazenamento.

Há tres tipos de fungos toxicogênicos de campo:

Em todos esses casos há arma associação mais ou menos bem definida entre os fungos e a planta hospedeira.

As especies Aspergillus e Fusarium sao provavelmente os mais significativos fungos de campo, produtores de micotoxinas encontradas em paises tropicais em desenvolvimento.

Amendoins mofaos e estragados. Grandes quantidades de aflatoxina neste produto têm sido encontrados no Sudeste Asiático - resultado de práticas inapropriadas de manuseio e armazenamento.

O apodrecimento da semente, causado pelo fusarium, é arma das mais importantes doenças da espiga do milho nas plantações de regiões quentes. Está associado com o calor, períodos de seca e/ou danos causado por insetos.

Há arma forte relação entre danos causado por insetos e o apodrecimento da semente causado pelo fusarium. Descobriu-se, durante trabalho de pesquisa de campo, por exemplo, que a incidencia da broca do milho europea aumenta as doenças provocadas por F. moniliforme e as concentrações de fumosina.

Milho infectado com semente podre de fusarium, uma das mais importantes doenças de espiga de milho em lavouras de regiões quentes.

A intensidade da temperatura durante o periodo de crescimento da planta é também importante. Estados de ocurrencia de fumosina em milho híbrido cultivado em toda a zona de plantação deste cereal nos Estados Unidos, na Europa e na Africa, indicam que o milho híbrido cultivado fora de sua faixa de adaptação de temperatura tem concentrações mais altas de fumosina.

Depois da colheita, guando os graos ou sementes ficam dormentes, como resultado do processo de secagem, desaparecem as associaçoes entre os fungos e as plantas, e os fatores físicos determinam se membros do outro grupo-os fungos de armazenamento-criarao e/ou produzirão ou não micotoxinas. Os fatores primários que influenciam a criação de fungos em produtos alimenticios armazenados sao o conteúdo de umídade (mais precisamente, a atividade da água) e a temperatura do produto. Na prática, nos trópicos, a temperatura é quase sempre boa para fungos de armazenamento. Por isso é a ação da água que se torna o principal determinante de invasão e crescimento de fungos.


4. Prevenção e controle de micotoxinas em graos e sementes armazenados

Seque o grão

Fungos não podem crescer (ou micotoxinas ser produzidas) em alimentos devidamente secos. Por isso a secagem eficiente dos produtos e a sua conservação sem umidade é arma medida eficaz contra o crescimento de fungos e a produção de micotoxinas.

Para reduzir ou prevenir a produção da maioria das micotoxinas, o processo de secagem deve ser feito logo após a colheita e o mais rápido possívei. A quantidade critica de áqua para o armazenamento seguro corresponde a atividade da água (aw) de cerca de 0.7. A manutenção de alimentos abaixo de 0,7 awé uma técnica eficaz usada mundialmente para controlar estragos provocados por fungos e produção de micotoxinas em alimentos.

Problemas como a manutenção de arma aw adequadamente baixa ocorrem freqüentemente nos trópicos, onde a elevada umidade ambiental dificulta o controle da umidade do produto. Onde o grão é guardado em sacos, métodos que empregam cuidadoso sistema de secagem e, subsequente armazenamento em folhas de plástico a prava de umidade poderão superar este problema.

O modo correto de secagem é a melhor maneira de evitar crescimento de fungos e produção de micotoxinas em grãos após a colheira. Às vwzws, quando a secagem ao sol não é possível ou fiável, é necessârio usar alguma forma de secagem mecânaca. Secadores mecânicos não precisam ser caros. Este secador com capacidade de 1 tonelada, desenvolvido no Vietnã, num projeto GTZ-IRRI, custa apenas US$55 e os seus custos de funcionamento.

É possível controlar o crescimento de fungos em produtos armazenados através do controle ambiental ou uso de preservativos ou inibidores naturais, mas tuis técnicas são sempre mais caras do que arma secagem eficaz, e s30, portanto, raramente viáveis em paises em desenvolvimento.

Evite o estrago do grão

Grão estragado tem mais tendencia para invasão de fungos e, conseqüentemente, para contaminação de micotoxinas. Por isso é importante evitar estrago antes e durante o processo de secagem, bem como no armazenamento. A secagem do milho na espiga, antes de descascar, é arma prática multo boa.

Insetos são arma das principais causas de estrago: pragas de insetos de campo e algumas especies de armazenamento estragam o grão e estimula»., em ambiente úmido, o crescimento de fungos no grao em amadurecimento. No armazenamento, multas especies de insetos atacam o grão, e a umidade que pode acumular oferece um meio ideal para fungos. E essencial que o grao armazenado seja conservado livre de insetos, do contrário são inevitáveis os problemas de umídade e mofo. Este se forma se faltar ao grão ventilação adequada e, particularmente, se forem usados contentares de metal.

Garanta as condições apropriadas de armazenamento

Nas regiões tropicais, pode ser difícil manter secos os produtos durante o armazenamento, mas nunca é demais enfatizar a importancia do armazenamento seco. Em pequena escala, embalagens de polietileno são eficazes; em larga escala, o armazenamento seguro requer estruturas bem desenhadas com pisos e paredes impermeáveis contra umidade. A manutenção da umidade do armazém abaixo de 70% é crucial.

Nas regiões tropicais, a umidade ao ar livre geralmente desce bem abuixo de 70% em dias ensolarados. A ventilação durante um periodo de tempo devidamente controlado, preferivelmente com ventilador, ajudará multo a manter baixa a umidade. O ideal seria que as áreas de armazenamento de grande escala fossem equipadas com instrumentos de controle de umidade.

O armazenamento vedado em ambientes modificados para controle de insetos é também multo efetivo para controle do crescimento de fungos, desde que o grão seja devidamente seco antes do armazenamento e desde que sejam minimizadas as flutuações da temperatura diurna.

Se for necessário armazenar os produtos antes da adequada secagem, isto deve ser feito por um periodo curto de no máximo, digamos, tres dias. O uso de armazém vedado ou ambientes modificados prolongará este periodo de segurança, mas esses procedimentos sao relativamente caros e em condições estanques.

Torna-se necessário um sistema comprovado de gestão de stock, que leve em consideração as micotoxinas como parte integral desse sistema. Já existem arma variedade de sistemas de apoio para a tomada de decisões, que abrangem vários níveis de sofisticação e escala.


5. Detecção de micotoxlnas

As micotoxinas ocorrem e exercem seus efeitos tóxicos em quantidades extramamente pequenas nos alimentos. Por isso, a sua identificação e avaliação quantitativa geralmente requerem amostragem sofisticada, preparação de amostras, extração e técnicas de análise.

Em condições práticas de armazenamento o objetivo seria a monitoração da ocurrencia de fungos. Se não se podem detectar fungos, então é possível que não hoja nenhuma contaminação de micotoxinas. A presença de fungos indica a possibilidade de produção de micotoxinas, e a necessidade de considerar o destino do lote de produtos atetados. Existem meios de descontaminar produtos atetados, mas são todos relativamente caros, e sua eficiencia está ainda em discussão.

Reconhecemos a necessidade de métodos de análise simples, rápidos e eficientes, de manuseio relativamente fácil por parte de trabalhadores não-especializados. Já há algum progresso nesse sentido.

O Serviço Federal de Inspecção de Grãos dos Estados Unidos ("U.S. Federal Grain Inspection Service - FGIS") avaliou oito testes rápidos de aflatoxina em milho, disponiveis comercialmente. Os conjuntos de equipamentos (kits) aprovados pelo "FGIS" incluem "ELISA" rápido, cartucho de imuncafinidade, "ELISA" de fase sólida, e procedimentos seletivos adsorventes de coluna mínima.

Permanece ainda a necessidade de métodos de amostragem e análise eficientes e de custos reais, que possam ser utilizados em laboratórios de paises em desenvolvimento.

Vários governos já estabeleceram limites regulamentares para micotoxina em alimentos e rações animáis, para venda ou importação.. Para aflatoxina as diretrizes estabelecem arma faixa de 4 a 50 µg/kg (partes por bilhões). Os limites regulamentares para fumosina estão sendo considerados. Para micotoxinas é provável que, a medida que avancem as técnicas de análise e o conhecimento das toxinas, baixem os limites permissiveis.


6. Sumário

A presença de micotoxinas em grãos e outros gêneros alimenticios de primeira necessidade tem sérias implicações para a saúde humana e animal. Muitos paises já passaram leis estipulando as quantidades máximas de micotoxinas permissiveis em alimentos e rações. A maioria dos paises desenvolvidos não autorizarão importações de produtos contando quantidades de micotoxinas acima dos limites especificados. Por isso as micotoxinas têm também implicações para o comercio internacional.

A prevenção da invasão de fungos nos produtos de base é, de longa, o mais eficaz método para evitar problemas de micotoxinas.

Considerações sobre micotoxinas deveriam ser parte essencial de um programa integrado de gestão de produtos de base, colocando em foco a manutenção da qualidade do produto, do campo ao consumidor.


7. Mais informações

Mais informações e orientação sobre a detecção e controle de micotoxinas em grãos podem ser obtidas nas agência associadas da GASGA:

- ACIAR-Australian Centre for Intemational Agricultural Research
GPO Box 1571, Canherra, ACT, 2601, Australia. Fax: +61 6 217 0501

- CIRAD-Centre de Coopération Internationale en Recherche Agronomique pour le Développment
Laboratoire de Technologie, CIRA-CA,BP 5035, 34032 Montpellier Cedex 1, France, Fax: +33 (0)4 67 61 44 44

- FAO-Food and Agriculture Organization of the United Nations
Prevention of Post-Harvest Food Losses, Agricultural Services Division Room B-661, FAO, Via dalle Terme di Caracalla - 00100, Rome. Fax: +39 6 52 25 68 50

- GTZ - Deutsche Geselischaft für Technische Zusammenarbeit GmbH
Postfach 5180, 65726 Eschborn, Germany. Fax: +49 61 96797173

- NRI - Natural Resources Institute, Uníversity of Greenwich
NRI Food Storage Group, Central Avenue, Chatham Maritime, Chatham, Kent ME4 4TB, U.K. Fax: +44 1634 880 066

O boletim semestral da GASGA relata ocasionalmente sobre o progresso, temas de pesquisa e técnicas desenvolvidas para combater o problema de micotoxina. A lista de correspondências é grátis. Para filiar-se, envíe detalhes para um dos três membros do Secretariado Conjunto da GASGA: GTZ, NRI (veja endereços acima), e Mission de Coopération Phytosanitaire ZAC d'Alco, BP 7309, 34184 Montpellier Cedex 4, France (Fax: +33 (0)4 67 03 10 21).

ACIAR publica um boletim trimestral, Australian Mycotoxin Newsletter (Boletim Australiano de Micotoxina), que contém comentario informativo e extratos dos últimos artigas da literatura mundial sobre fungos e micotoxinas em alimentos e rações. A ACIAR

Postharvest Newsletter (Boletim Pós-Colheita da ACIAR), também publicado trimestralmente, relata os resultados de projetos sobre micotoxina, bem como as actas e resultados de conferências nesta área, e dá noticias antecipadas dos próximos e relevantes encontros. As listas de correspondêcia para esses boletins são grátis. Envíe detalhes para a ACIAR (endereços acima).


Agradecimentos

Este folheto traz informação sobre "Micotoxina em alimentos e rações", documento de ponto de vista compilado pelo Comitê Micotoxilógico do Grupo de Trabalho da GASGA sobre Fungos e Micotoxinas em Alimentos e Rações Asiáticas. Os Agradecimentos sao também extensivos ao Dr J. David Miller, do "Agricuiture and Agri-Food Canada", por sua orientação sobre vários temas durante a preparação do folheto, e a Dra Ailsa Hocking, da "CSIRO Food and Science Technology", Australia, pelas fotografías.

Centro Técnico para a Cooperção Agrícola e Rural (CTA)

O Centro Técnico para a Cooperção Agrícola e Rural (CTA) foi criado em 1983 ao abrigo da Convenção de Lomé acordada entre os Estados da União Europeia e os Estados de África, Caraíbas e Pacífico (ACP).

O objectivo do CTA é desenvolver e fornecer serviços que melhorem o acesso dos paises ACP a informação necessária ao desenvolvimento agrícola e rural, assim como reforçar a capacidade desses paises de produzir, adquirir, trocar e explorar a informaçãco nessa área. Os programas do CTA articulam-si em torno de tres eixos: o reforço dos centros de informação nos paises ACP, a promoção de contactos e intercambios entre os actores do desenvolvimento rural e o fornecimento de informaçoes a pedido dos interessados.

Postbus 380. 6700 AJ Waqeninuen. Paises Baixos


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